Ecólogo amazonense avalia que paisagismo em Manaus insiste, equivocadamente, em fugir das espécies regionais
No herbário que mantém na Zona Leste, Wilys Silva cultiva espécies raras da flora amazônica, inclusive a internacional
Árvores
nativas da região Amazônica, como cajurana, mircônia, antúrio,
acacallis cyanea, ipês roxo e amarelo e jacarana, chamada também de
jacarandá, que dão flores praticamente o ano inteiro são ignoradas na
arborização urbana da cidade.
O
imediatismo e o improviso no paisagismo, a falta de conhecimento das
espécies da Região Norte por parte de profissionais, a imitação de criar
ambientes existentes no Sul do Brasil e na Europa, e a moda, fazem que
elas sejam consideradas mato.
De
acordo com o ecólogo Willys Silva, muitas empresas e profissionais em
Manaus, contratados por órgãos públicos, não possuem conhecimento das
árvores e plantas regionais. “Muitos pensam no negócio. E falar de
plantas nativas, significa incluir plantas da Amazônia colombiana,
peruana, venezuelana e as próprias daqui. E, muitas têm beleza
exuberante”, destacou o paisagista, que possui um herbário na Zona
Leste, onde trabalha com produção de plantas de espécies amazônicas.
Ainda conforme o paisagista há preconceito sobre as plantas
da Amazônia e uma “massificação” da espécie conhecida como pau pretinho
na área urbana, e muitas árvores plantadas em condomínios da cidade,
são importadas do Paraná e de São Paulo. “Quando você começa a adornar
um jardim ou um espaço na cidade com plantas locais, as pessoas veem e
dizem que é mato. Então, começam a querer plantas do Sul. Isso demonstra
falta de conhecimento porque as espécies amazônicas vão além do pau
pretinho”, disse.
As
plantas amazônicas, segundo Willys, procuram a luz do sol, gerando
sombra. Outras não possuem frutos que possam atrair pessoas para
prejudicar a árvore. “Há parques, por exemplo, na cidade que não possuem
espécies amazônicas. O que há são palmeiras importadas que não dão
sombra e as crianças vão crescer sem conhecer as espécies próprias da
sua região”, concluiu, dizendo também, que os turistas que vêm a Manaus
não querem ver árvores que já viram no Sul do País ou na Europa. “Eles
querem conhecer as próprias da região”, finalizou.
Outras
espécies recomendadas para o paisagismo da cidade são, segundo Wilys, a
lofantera da Amazônia e a jutairana. “Para mim, um dos problemas na
arborização da cidade, é a rapidez com a qual as pessoas querem plantar e
ver crescer as árvores. Clientes já me pediram espécies, sem dar o
tempo necessário para que elas crescessem. Então, falta atenção à
orientação técnica”, contou o técnico em paisagismo Luiz Carlos de
Araújo.
Segundo
a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), a
plantação de mudas de pau pretinho na cidade, respeita o tamanho do
canteiro, que é de, aproximadamente 80 centímetros de largura, sem
destruir o calçamento.
“É
a melhor que se adaptou em calçadas, ao contrário do ipê, que não pode
ser plantado onde há cabos de eletricidade”, disse o diretor de
arborização do órgão Heitor Liberato. Ele contou também, que o viveiro
da Semmas, situado na Zona Leste, possui aproximadamente 50 espécies de
árvore.
Árvores garantem sombra e ventilação
De
acordo com o ecólogo Wilys Silva, o ideal na área urbana é plantar
árvores de porte de 1,5 metro para que elas possam sobreviver. “Muitas
árvores que foram plantadas na avenida das Torres, não vão se
desenvolver porque elas foram plantadas muito pequenas e foram pisadas. O
aproveitamento será médio”, disse ele, acrescentando que os resultados
aparecerão em cinco anos. No Centro de Manaus, praças como a Heliodoro
Balbi, a praça da Polícia; a 5 de Setembro, conhecida popularmente como
praça da Saudade, e a praça Dom Pedro II, ainda conservam a beleza por
conta das plantas e árvores da região. “Há árvores que dão cor aos
lugares, além de sombra e ventilação. E, aqui em Manaus, eu sinto falta
das cores das árvores”, disse a dona de casa Olga de Lima, que nasceu em
São Paulo, mas foi criada em Manaus.
Fonte: ACrítica.com
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