Aumento de 8% no ICMS cobrado em São Paulo sobre materiais da construção civil afetará setor no Amazonas
O
Governo de São Paulo reajustou em 8% o preço de 50 mil itens da
construção civil, conforme anúncio feito nessa segunda-feira (6), pela
Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
(Anamaco). Os efeitos deverão ser sentidos também no mercado local,
visto que lojas e empresas do ramo compram naquele Estado boa parte dos
materiais de que precisam para tocar seus negócios.
Ainda
não dá para precisar o impacto do reajuste nos preços praticados
localmente, mas ele inevitavelmente será repassados para o consumidor
final, que, segundo a gerente comercial da Casa do Eletricista, Maria
José, talvez nem venha a sentir de imediato o peso no bolso, “porque não
tem o hábito de monitorar o preço dos materiais de construção, como
fazem as empresas da construção civil”.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção
Civil no Amazonas (Sinduscon), Eduardo Lopes, disse que o reajuste em
São Paulo afetará diretamente os negócios em Manaus. “Hoje, todo o ICMS
que pagamos ao comprarmos materiais de construção é para o Estado de
origem, nada é arrecadado pelo fisco amazonense. Em São Paulo, pagamos
17% seria inviável pagarmos 25%”.
Segundo
Eduardo, com o reajuste em São Paulo vem à tona uma situação deixada
pelo governo Eduardo Braga, em que o Estado deixou de arrecadar ICMS do
setor. Agora, com o reajuste do ICMS paulista será necessário uma
intervenção do governo do Amazonas. “Na época, o setor não estava tão
aquecido. Mas devemos apresentar um cálculo de quanto o Estado deixa de
arrecadar”.
De
acordo com o presidente do Sinduscon, os itens mais comprados pelas
construtoras de Manaus em São Paulo são: revestimento cerâmico,
ferragem, louças sanitárias, portas, arruelas, tinta e massa. Há dois
anos o setor discute a viabilidade de uma cooperativa, pois assim iria
adquirir produtos mais em conta. Até agora não chegou a um acordo nesse
sentido. Em último caso, a opção será suspender as compras em São Paulo e
optar por materiais vindos do Sul do País.
“O
setor projetava crescimento de 6% para este ano, mas isso não vem se
materializando. Esse reajuste no ICMS do material de construção em São
Paulo tornam o cenário ainda mais complicado”, disse Lopes.
Reajuste
São
Paulo aumentou a alíquota de cobrança do Imposto Sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) do setor e até o fim do mês será repassado
o reajuste de até 8%. Segundo o presidente da Anamaco, Cláudio Elias
Conz, com o aumento haverá impacto nas Margens de Valor Agregado (MVAs).
De
acordo com Cláudio, além de aumentar as MVAs, São Paulo não atendeu a
um pleito justo e antigo do setor de diminuir o número de índices e
simplificar o sistema de Substituição Tributária. “Hoje, são 126
alíquotas diferentes, o que burocratiza a atividade e onera ainda mais
os comerciantes”, avaliou.
Reajuste deve ser ponderado
A
notícia de reajuste dos materiais de construção em São Paulo repercutiu
mal entre os corretores de imóveis no Amazonas. “Esperamos que o
Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Amazonas (Sinduscon)
pondere o reajuste que será repassado ao valor final dos imóveis, pois o
setor vem de uma estagnação”, afirmou a presidente do Sindicato dos
Corretores de Imóveis do Amazonas (Sindimóveis), Jane Farias Picanço.
Ela
explicou que o setor está tendo um tímido aquecimento neste segundo
semestre, mas, diante da notícia de reajuste do ICMS de materiais da
construção civil em São Paulo, a situação pode se complicar. “Se o
consumidor não tiver crédito para comprar imóveis novos reajustados,
optará por apartamentos lançados ou usados”.
Jane
afirmou também que o reajuste estabelecido em São Paulo é normal, pois,
periodicamente, os Estados reajustam suas alíquotas.
De
acordo com o Sinduscon, hoje, em Manaus, o metro quadrado de imóveis
tipo A custa em média R$ 7 mil, o metro quadrado de imóveis
intermediários R$ 4 mil e o de populares, R$ 3 mil.
Vendas aquecidas em Manaus
Apesar
do setor da construção civil não estar em sua melhor fase, o “verão
amazônico” tem aquecido as vendas nas casas especializadas que projetam
crescimento de 25% entre junho e agosto.
De
acordo com a gerente comercial da Casa do Eletricista, Maria José, os
clientes que estão reformando ou construindo não se preocupam muito com
reajuste de preços que podem ocorrer eventualmente. “Alguns fazem uma
pesquisa entre uma loja e outra, mas acabam consumindo se têm crédito
disponível”, disse a gerente.
É
o caso do casal Cristina Padilha e Ebenezer Rodrigues, assistente de
conta e relojoeiro, que gastaram R$ 600 em tintas para pintar uma área
de 80 metros quadrados. Os dois foram ontem à Casa do Eletricista
comprar luminárias, um dos itens mais vendidos pelas lojas do ramo e
que, certamente, sofrerá reajuste decorrente do aumento do ICMS em São
Paulo. “Não fizemos pesquisas não, precisamos concluir a obra e estamos
comprando o que ainda falta”, disse Cristina.
De
acordo com o gerente de vendas da Constrói, Thaunay Freitas, cerca de
80% dos 25 mil itens que vendem são oriundos de fábricas paulistas. “Não
respondo pelo setor comercial, mas acredito que o repasse ao consumidor
será pequeno”, disse Thaunay, justificando que a empresa tem crédito
disponível para efetuar compras à vista o que garante sempre um desconto
maior que é repassado ao consumidor. “Sendo assim, os clientes acabam
pagando menos na Constrói”.
Pesquisa
Anamaco divulgada ontem apontou que as vendas de material de construção
em julho cresceram 7% sobre o mês de junho. Nos últimos 12 meses, o
setor amargou queda de 2%.
Fonte: A Crítica
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